Síndrome de Lynch: O Risco Genético Mais Comum de Câncer Colorretal Hereditário
A Síndrome de Lynch (SL), também conhecida como Câncer Colorretal Hereditário Não Polipose (HNPCC), é a forma mais comum de predisposição hereditária para o câncer colorretal.
Ao contrário do que o nome HNPCC sugere (câncer não polipose), a Síndrome de Lynch está associada a um risco significativamente elevado de desenvolver câncer colorretal, frequentemente devido a pólipos que evoluem rapidamente, e também a vários outros tipos de câncer.
🧬 A Causa da Síndrome de Lynch
A Síndrome de Lynch é causada por mutações herdadas em genes responsáveis pelo sistema de Reparo de Incompatibilidade de Bases (MMR - Mismatch Repair) do DNA.
Os principais genes afetados são:
MLH1
MSH2
MSH6
PMS2
E o gene EPCAM (que, ao sofrer deleção, inativa o MSH2).
Quando um desses genes está mutado, o sistema MMR não funciona corretamente, permitindo que erros no DNA se acumulem e levem à instabilidade genética, o que, por sua vez, aumenta o risco de câncer.
🎯 Os Cânceres Associados à Síndrome de Lynch
O espectro de risco da Síndrome de Lynch é amplo e vai muito além do cólon. Os principais cânceres associados são:
Câncer Colorretal (CCR): O risco vitalício é de até 80%, e o câncer tende a se desenvolver em idades mais jovens (frequentemente antes dos 50 anos) e predominantemente no lado direito do cólon.
Câncer de Endométrio (Útero): É o segundo câncer mais comum em mulheres com Síndrome de Lynch, com risco vitalício que pode chegar a 60%.
Câncer de Ovário: Risco elevado (embora menor que o de endométrio) e geralmente de histologia não-serosa.
Outros Cânceres: O risco também é aumentado para tumores de:
Estômago
Intestino Delgado
Pâncreas
Trato Urinário (ureter e pelve renal)
Trato Biliar
Cérebro (Síndrome de Muir-Torre/Torre é uma variante que inclui câncer de pele, como adenomas sebáceos).
Quem Deve Ser Avaliado para Síndrome de Lynch?
A avaliação é recomendada se você ou seus familiares tiverem:
Câncer colorretal ou de endométrio diagnosticado antes dos 50 anos.
Múltiplos tumores relacionados à Síndrome de Lynch (ex: câncer de cólon e endométrio na mesma pessoa).
Histórico familiar de vários casos de câncer colorretal e/ou endométrio.
Características tumorais específicas: Tumores que demonstram instabilidade de microssatélites (MSI-H) ou perda de expressão de proteínas MMR na imuno-histoquímica.
🩺 Gerenciamento e Prevenção
O diagnóstico da Síndrome de Lynch transforma o cuidado de saúde do paciente, permitindo um plano de prevenção rigoroso:
Colonoscopia Intensificada: Realizada em intervalos mais curtos (geralmente a cada 1 a 2 anos) e iniciando mais cedo na vida (frequentemente entre 20 e 25 anos).
Rastreamento de Endométrio: Rastreamento anual ou semestral para mulheres, incluindo biópsia de endométrio.
Rastreamento de Outros Tumores: Aconselhamento para rastreamento de câncer de estômago e trato urinário, dependendo do gene mutado.
Cirurgia Redutora de Risco: Para mulheres, a histerectomia e salpingo-ooforectomia profiláticas (remoção de útero, ovários e tubas) podem ser indicadas após a prole completa.
Quimioprevenção: O uso de Aspirina tem demonstrado potencial na redução do risco de CCR em portadores da Síndrome de Lynch.
O conhecimento da mutação é a chave para a prevenção e para o manejo clínico. Diagnosticar a Síndrome de Lynch permite salvar vidas através da detecção precoce.
Se há histórico familiar de câncer colorretal ou de endométrio, não hesite em procurar uma avaliação oncogenética!